Abdala Fraxe critica omissão do governo federal na redução dos gargalos no setor logístico

Abdala Fraxe critica omissão do governo federal na redução dos gargalos no setor logístico

26 de março de 2013 0 Por Renata Fonseca

Foto: Aleam

O presidente da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam), deputado Abdala Fraxe (PTN), criticou hoje, em seu pronunciamento na tribuna, a posição do governo federal de não reduzir os gargalos enfrentados pelo setor logístico do país. Consequência disso, segundo o parlamentar, foi o estrago de uma super safra de grãos produzidos em território nacional.

“O Brasil passa por um gargalo no setor logístico que atrapalha não só a questão das reservas cambiais, a questão monetária, mas principalmente está jogando por água abaixo todo o esforço que o homem do campo tem feito, nos últimos 15 anos, para melhorar a produção e a representatividade desse setor no país”, destacou o deputado.

Ao enumerar as “discrepâncias”, Fraxe ressaltou a situação do Porto de Santos, em São Paulo, que hoje está atravancado, com 30 quilômetros de congestionamento de carretas e mais de 100 navios ao largo aguardando embarque. Isso ocorre, porque de acordo com o deputado, os portos brasileiros operam apenas oito horas por dia, ao contrário do funcionamento dos portos no mundo todo que é de 24 horas. “Toda a questão alfandegária, liberação de cargas, fiscalização da Receita Federal e da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) se limitam a essas oito horas”, salientou.

Com o funcionamento reduzido frente aos demais países, o Brasil sai perdendo, tendo em vista que o Porto de Santos, por exemplo, movimenta apenas 8 milhões de contêineres, por ano, enquanto que os portos de Changai e Hong Kong movimentam 29 milhões e 24 milhões, respectivamente.

Alto custo e baixo lucro

O parlamentar também enumerou as perdas contabilizadas pelo produtor. De acordo com Fraxe, a tonelada de soja hoje é comprada no mercado internacional a US$ 440. Nos Estados Unidos, por exemplo, ao tirar os custos com logística e produção, sobra para o produtor americano US$ 205. No Brasil, quando eliminados os dois custos, o produtor lucra apenas US$ 82, por tonelada. “O produtor, o erário e a população brasileira estão perdendo US$ 123 por tonelada de soja. Isso é um absurdo, precisa ser revisto, precisa de medidas enérgicas”, argumentou.

“Estamos chegando aos 120 meses dessa administração federal e os portos não melhoraram em nada. Não se adotam iniciativas para que o país saia desse atoleiro da logística. No último final de semana, soube que a China cancelou a compra de dois milhões de toneladas de soja, porque não sabia que dia receberia a compra e se teria qualidade para usar o produto. Resultado: prejuízo para o produtor rural e perdas econômicas para o país”, enfatizou.

Fraxe lembrou a experiência que teve no setor, quando foi o primeiro gestor do Órgão Gestor de Mão de Obra do Porto de Manaus (OGMO). Na época, ocorreu a implantação da Lei de Modernização dos Portos (Lei 8.630). “Se passaram 16 anos e todas as reclamações de hoje foram feitas naquela época: custos exorbitantes, operações sem padrão, de maneira improdutiva e cara”, ressaltou, ao completar que estão entre as soluções para os gargalos melhor armazenagem, melhoria das rodovias, incentivo para que as hidrovias e ferrovias façam parte dos modais de transporte do país, sob pena de o estrangulamento da carga piorar a cada ano.